Blog INSERT - Qual seria a ação realizada para que a cultura fosse aceita e apreciada?
Blog INSERT - Qual seria o veículo de abordagem na propagação da arte?
INSERT é o Blog de cultura e entretenimento de Cascavel. Venha fazer parte desta inserção. Propagar arte é essencial.
Por Sidnei de Oliveira
Hoje quando ouvimos ou lemos a palavra CREPÚSCULO, automaticamente já nos voltamos a tão famosa saga que deu origem ao filme apaixonante de EDWARD e BELLA. Nomes instigantes, não é mesmo? Primeiro vem o crepúsculo, depois lua nova, em seguida eclipse, logo após o amanhecer e ainda esperamos ansiosamente o sol da meia noite. Com tudo, gostaria de levar a vocês caros leitores a olhar essa linda história de um lado mais realista, deixando de lado os vampiros e os lobisomens da saga, reflita apenas no que há por trás dessa fantasia toda. Se pararmos e analisarmos vamos entender a riqueza que contém os livros da trilogia, a pureza, o amor verdadeiro, a dúvida de quem somos e, de quem deveriamos ser. Analisando por este prisma podemos voltar a nossa realidade, muitos são apaixonados ao ponto da pessoa a passar ser sua vida, você quer proteger a todo instante, estar por perto e faria como Romeu se perdesse a sua tão amada Julieta. Outros se dividem em dois amores, estão com uma pessoa e ao mesmo tempo tem algum sentimento forte por outra, eu mesma já passei por isso, não se trata de trair alguém, até porque não o fiz, se trata de escolhas, e se você escolher errado terá que arcar com todas as consequências. Já pensou como é trocar alguém e depois na hora do amor pensar na outra? E mais, deixar a pessoa em sua casa e dirigir chorando querendo voltar para sua ex? Ai o que você faz? Muitas Vezes se acostuma, aprende a gostar da pessoa, passa a ser companheiro, amigo e quando talvez já se apaixona, é trocado como você antes o fez... E ai? amigo ai seu mundo cai, sua cabeça gira e você aprende que a solidão bate a sua porta. Aprende que se você tivesse insistido um pouco mais com aquele sua ex que era linda, que apenas estava com dificuldades entre dois amores como você e não tivesse a deixado ir embora e muito menos ir a procura da outra, você poderia ter sido feliz. Hoje como você fica? Vê sua ex sendo amada por outra pessoa e não pode falar nada, nem dizer amor você era tudo o que eu queria, ainda sinto a sua falta e os planos que tínhamos ainda são os mesmos, nem pode cobrar o sim que ela tinha prometido quando você a pediu em casamento ouvindo música no seu carro, aliás aquela música que vocês adoravam e que mesmo depois de terem terminado um dia ela olhou para você e disse: Ta tocando aquela música que você pediu para casar comigo “case-se comigo na igreja e no papel...”, mesmo que você nunca iria casar-se no papel essa foi a música que escolheu. Por outro lado você ve aquela pessoa que você investiu falando mal de você aos ventos, dizendo que apenas curtiu e que nem tem remorso por nunca ter lhe dito que te ama...Agora você se pergunta o que tem a ver uma história que acabou mal com a de Bella e Edward? A fantasia que a vida real não tem. Imagino que com toda a doçura que o enredo foi escrito, a verdadeira história que a por traz dele tenha sido de um grande amor, pois só quem sente é capaz de expressar desta maneira. Nem todos tem a sorte daquele vampirinho de ter sua amada, muitos de nós são como o Jacob, tem de olhar seu amor com outra pessoa, mas a nossa escritora da um desfecho lindo há ele no final, ele se apaixona de verdade por outra pessoa e a Bella que ele tanto amou, passa apenas a ser a Bella a sua amiga... Desejo que a Bella da sua vida esteja contigo, mas se não estiver lembre-se do que disse nosso amigo Edward: “Se ela escolher você eu a deixo ir e não lhe mataria, eu não faria ela sofrer tanto assim!!!”
Colaboradora do INSERT: Márcia Comparin
A overdose de futilidades exibida no fim de semana televisivo, entre tantas asneiras deixou-me a mão calejada em plena segunda-feira, devido a manipulação do controle por meio de milhares de cliques inúteis. O duelo das emissoras defrontaram loiras, ex-gordo contra magro, dono do Baú e, eis que me encontro no meio da guerrilha. Ironicamente falando o que é lindo de visualizar é a prestação de serviço que os mesmos podem proporcionar, só com uma simples cartinha enviada com sorte. No ato posso ganhar uma transformação para a minha autoestima, assim como uma casa toda reformada e não bastando consigo um relacionamento no escuro e de quebra uma viagem de volta para a minha terra. Quantas vantagens em fixar minha atenção aos domingos em frente a TV. Averiguando a criatividade percebo a mudança do verbete, sendo conhecido na contemporaneidade como plágio descarado do que já foi feito. O incrível é ver os índices de audiência serem alimentados na vulgarização do corpo, mulheres esculturais sendo expostas a venda numa vitrine decadente, além de relacionamentos conjugais sendo escancarados sem pudor ao teste de fidelidade. O que supostamente seria um programa jornalístico de credibilidade, na tela apresenta-se no formato de uma revista de fofocas e, quando retoma o percurso torna-se sensacionalista com a desgraça alheia. Os programas de comédia propostamente dito, de cômico não há nada, somente o clichê de praxe, no ensejo me questiono se o objetivo é arrancar risos, estimulando a perplexidade. Enfim, um festival de anedotas que subestima a inteligência do telespectador. Analisando os ingredientes dessa arte cômica de nada aguça a curiosidade, causando apenas uma imagem intragável, contendo na baixaria doses exageradas de apelo sexual e homofóbico. Até parece que todo gay resumi-se na imbecilidade caracterizada pelos engraçadinhos, com tantos gritos e personagens idiotas, tenho saudade do cinema mudo. Salvo dos privilegiados que possui uma TV por assinatura, o qual ressalvo algumas emissoras que pensam em agregar cultura de qualidade para seus clientes. Contrapondo a inserção cultural o canal aberto esporadicamente tenta agregar uma cultura elevada, mas acaba não sendo compreendido e, esta falta de entendimento e aceitação faz das emissoras apostarem na mesmice de sempre, antes uma audiência em massa, do que um público seleto apreciando arte e, como tudo gira em torno da busca de liderança, a baixaria abomina a cultura dominando o topo. Esta desaprovação é a prova do condicionamento que as emissoras nos coloca todos os domingos. Como mudar costumes fúteis que a anos expõem bundas falantes? O império das bundas progredi por etapas na TV brasileira saindo do “Roda, roda e avisa” do “Conga La Conga”, mergulhando na piscina de sabonete, passando pela depilação, remexendo o ventre com passos coreografados , segurando o tcham, desafiando a gravidade da maisena, duelando entre loiras e morenas, confinando-se em reality, no sabor de diversas frutas e, assim mantêm-se na preferência de todos. Nossa! Quanto entretenimento agregado de valores. AFF! E dessa forma a televisão domingueira é recheada de espetáculos. Resta saber o que virá de novo. Ah já sei ! Nada.
Por Sidnei de Oliveira
COLABORADOR DO INSERT: Sidnei de Oliveira
Olá meus caros blogueiros, aqui estou como de praxe para dissertar a respeito da peça “O Mal Entendido” apresentado pelo projeto do Palco Giratório do SESC Cascavel - PR. Acompanhe o artigo e de seus pitacos.
Conhecida como uma das mais importantes peças de Camus, "O Mal Entendido" foi escrita durante a Segunda Guerra Mundial e encontra-se no eco da atualidade em temas como a busca pelo pertencimento, a não-violência e a comunicação difícil entre pessoas aparentemente próximas. O espetáculo encenado pela carioca Cia Galharufa é do gênero dramático, o qual é confeccionado pelo estilo tradicional de palco italiano. O texto do projeto é explanado transpondo pontos e virgulas, sendo assim o conjunto da obra apresenta-se de forma densa. A peça é extremamente previsível, pois o mistério em que envolve os personagens denuncia o desfecho. Nas interpretações não houve reciprocidade, criando-se no ensejo um distanciamento, porém isso foi justificado pelos atores que criaram a montagem partindo de um grupo de elenco. O cenário e a iluminação demonstra o costume de praxe que as companhias do Rio de janeiro possui de reproduzir os efeitos televisivos. Embasado neste contexto deparei-me com uma estrutura de antemão adaptada para o ambiente, o qual dispersou a magia construída pelo enredo. Na atuação dos personagens destaco o trabalho da atriz, da qual interpretou com maestria a mãe, pois foi a única que segurou o espetáculo esbanjando naturalidade, os demais dentro de sua criação construíram caricaturas. O figurino simples de cores escuras sintetizava o suspense da obra, achei o mesmo funcional. A falta de sintonia da trupe foi transparente, assim como o tecido utilizado no elemento cênico, pois a convivência é de fundamental importância ao trabalho de veracidade do ator, compondo no ato uma cumplicidade orgânica. Foi o que na minha concepção faltou, pois o canal transmissor afastou o receptor da mensagem. As trocas de cenário foram desnecessárias, pois essa desconstrução foi uma cena a parte, com se no ato fosse o intervalo da exibição cinematográfica, desfazendo no momento a emoção ficcional.
COLABORADOR DO INSERT: Sidnei de Oliveira.
COLABORADOR DO INSERT: Sidnei de Oliveira.
Olá galera Insertiana percorro as entrelinhas, para descrever a viagem prazerosa, da qual me submeti. No ensejo pude viajar no tempo de forma digressiva e cronológica. As sensações foram aguçadas no trajeto e, a magia se personificou nas imagens transfiguradas de vários personagens. As histórias foram revividas tendo-me como espectador, embora o tempo em que me dispus tenha sido pouco, dentro da concepção real, mas foi o prazo suficiente para querer tornar-se um Avatar e, ficar eternamente naquele ambiente cultural. A cada passo dado o conhecimento era exposto, do qual absorvia dentro da minha sagacidade, assim gradativamente um mundo era explanado misteriosamente, onde muitos são conhecedor de sua existência, mas poucos possui a sensibilidade de se transpor para além do imaginário, confesso caros blogueiros que senti-me como explorador, apto para prosseguir a expedição. Assim sendo, dentro deste resgate cultural estive em um Sebo, desconheço a época em que essa palavra passou a ser adotada em nosso país, mas certamente deriva da ideia de que um livro usado é ensebado pelo próprio manuseio constante. No entanto no Sebo Arca , localizado na Rua Castro Alves no Centro de Cascavel-Pr, fui atendido atenciosamente pela responsável pela viagem cultural Eliane de Oliveira, que conduziu-me por esse momento prazenteiro, a mesma tem este espaço a 4 anos na cidade, no qual atende o público de várias faixa etária. “É uma satisfação grande poder trabalhar com a propagação da história, dentro deste resgate cultural.” Afirma Eliane, que também expôs a acessibilidade financeira para adquirir este acervo de qualidade, pois tanto os livros com os LPS e CDS, são materias minuciosamente restaurados, além de dispor do mesmo em estado novo. O verdadeiro papel de uma livraria de livros usados é preservar a memória, sendo guardiões de tesouros do saber, que fazem circular obras às vezes editadas apenas uma vez e, se não fossem esses caminhos mágicos do percurso do livro, seriam transformados em tiras para reciclagem. Um sebo não é depósito de papel velho e muito menos um mero comércio, um sebo é um repositário de cultura. Para os alfarrabistas aventureiros, vale a pena embarcar nesta viagem.
Confiram o vídeo produzido pelo blog. Sebo Arca. Email:seboarca@hotmail.com
COLABORADOR DO INSERT: Sidnei de Oliveira
Olá nação Insertiana, me transcrevo no ensejo para antecipá-los das emoções que vêm por ai. Muitas novidades no que diz respeito a produções teatrais em nossa cidade. Pois o prometido vem por meio dos Anjos, que são os mensageiros de alma brilhante como estrelas aos olhos de Deus e, sendo este o canal transmissível resta-nos aguardar com profunda ansiedade os ensinamentos de transformações valorozas , pois inúmeras vezes nos equivocamos na avaliação das coisas e das pessoas, das quais nos rodeiam e como esses julgamentos nos colocamos à solidão. A entrega das preocupações diárias fazem com que nos tornamos adultos de forma definitiva, esquecendo assim, a criança que fomos. A emoção prometida nos levará a diversas interpretações, que será praticamente impossível enumerar a todas, isso acontecerá porque cada um interpretará conforme o seu íntimo, no qual, "Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos". Se ora iremos sorrir em alguma passagem da obra, ora ficaremos pensativos em outras. Algumas carapuças servirão, outras não. Talvez amanhã as primeiras já não caibam, e as últimas sim. Embarcando nesta viagem, aprenderemos o significado de amar alguém, descobrindo desta forma que a rosa é importante , mesmo que às vezes ela seja difícil de ser cultivada. As pessoas serão expostas em metáforas de solidão e isolamento entre os adultos, de maneira que se olhar para si mesmos perceberam que as poucas pessoas, das quais encontram são incapazes de genuinamente se comunicar. Mas tenho a certeza de que a plateia sairá com a experiência de que vale a pena amar, mesmo que isto algumas vezes traga infelicidade. Aguardem muitas emoções previstas e, que venha a legião.
COLABORADOR DO INSERT: Sidnei de Oliveira
"Olha, estou escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem sempre que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa. Hoje eu achei que ia conseguir, que ia conseguir dizer, quero dizer, dizer tudo aquilo que escondo desde a primeira vez que vi você, não me lembro quando, não lembro onde. Hoje havia calma, entende? Eu acho que as coisas que ficam fora da gente, essas coisas como o tempo e o lugar, essas coisas influem muito no que a gente vai dizer, entende? Pois por fora, hoje, havia chuva e um pouco de frio: essa chuva e esse frio parece que empurram a gente mais para dentro da gente mesmo, então as pessoas ficam mais lentas, mais verdadeiras, mais bonitas. Hoje eu estava assim: mais lento, mais verdadeiro, mais bonito até. Hoje eu diria qualquer coisa se você telefonasse. Por dentro também eu estava preparado para dizer, um pouco porque eu não agüento mais ficar esperando toda hora você telefonar ou aparecer, e quando você telefona ou aparece com aquelas maças eu preciso me cuidar para não assustar você e quando você pergunta como estou, mordo devagar uma das maçãs que você me traz e cuido meus olhos para não me trairem e não te assustarem e não ficarem querendo entrar demais no de dentro dos teus olhos, então eu cuido devagar tudo que digo e todo movimento, porque eu quero que você venha outras vezes e eles dizem que se eu me mostrar como realmente sou você vai ficar apavorado e nunca mais vai aparecer nem telefonar — eu não agüento mais não me mostrar como sou. Hoje de manhã acordei bem cedo, e depois de conversar com eles consegui permissão para caminhar sozinho no jardim, eu disfarcei muito conversando com eles porque queria muito caminhar sozinho no jardim. Àquela hora ainda não estava chovendo, ou estava, não me lembro, ou havia chovido ontem à noite, não, acho que não estava chovendo não, porque eu lembro que as folhas estavam limpas e molhadas e a terra tinha um cheiro de terra molhada: eu comecei a lembrar, lembrar, lembrar e o meu pensamento parecia um parafuso sem fim, afundando na memória, eu não suportava mais lembrar de tudo o que se perdeu, tudo o que perdi, não fui e não fiz, mas não conseguia parar. Então comecei a gritar no meio do jardim molhado com as duas mãos segurando a cabeça para que não estourasse. Aí eles vieram e disseram que não tinha jeito e que estavam arrependidos de terem me deixado sair sozinho e que aquela era a última vez e que eu disfarçava muito bem mas não conseguiria mais enganá-los. Eu disse que não tinha culpa do meu pensamento disparar daquele jeito, mas acho que eles não acreditaram, eles não acreditam que eu não consigo controlar pensamento. Então me deram uma daquelas injeções e eu afundei num sono pesado e sem saída como este espaço dentro desses quatro muros brancos. Foi depois que acordei, não sei se hoje ou amanhã ou ontem, eu te escrevo dizendo hoje só para tornar as coisas mais fáceis, foi depois que acordei que perguntei se você não tinha vindo nem telefonado, e eles disseram que você não viera nem telefonara. É provável que estivessem mentindo, eles dizem que eu preciso aceitar mais a realidade das coisas, a dureza das coisas, e às vezes penso que tornam de propósito as coisas mais duras do que realmente são, só pra ver se eu reajo, se eu enfrento. Mas não reajo nem enfrento. A cada dia viver me esmaga com mais força. Não sei se eles escondem de mim a sua visita, se não me chamam quando você telefona, se dizem que já fui embora, que já estou curado, não sei se você não vem mesmo e não telefona mais, não sei nada de ninguém que viva atrás daqueles muros brancos, você era a única pessoa lá de fora que entrava aqui dentro de vez em quando. É verdade que eles todos moram lá fora, mas é diferente, eles vivem tanto aqui dentro que não consigo acreditar que sejam iguais aos lá de fora, como você. Você, sim, era completamente lá de fora. Digo era porque faz muito tempo que você não vem, sei do tempo que você não vem porque guardei no meio das minhas roupas um pedaço daquela maçã que você me trouxe da última vez, e aquele pedaço escureceu, ficou com cheiro ruim, encheu de bichos, até que eles me obrigaram a jogar fora. Acho que os pedaços da maçã só se enchem de bichos depois de muito tempo, não sei. Parei um pouco de escrever, roí as unhas, preciso roer as unhas porque eles não me deixam fumar, reli o começo da carta, mas não consegui entender direito o que eu pretendia dizer, sei que pretendia dizer alguma coisa muito especial a você, alguma coisa que faria você largar tudo e vir correndo me ver ou telefonar e, se fosse preciso, trazer a polícia aqui para obrigá-los a deixarem você me ver. Eu sei que você quer me ver. Eu sei que você fica os dias inteiros caminhando atrás daqueles muros brancos esperando eu aparecer. Eles não deixam, acho que você sabe que eles não deixam. Não vão deixar nem esta carta chegar às suas mãos, ou vão escrever outra dizendo que eu não gosto de você, que eu não preciso de você. Mas é mentira, você tem que sabtr que é mentira, acho que era isso que eu queria dizer preciso escrever depressa antes que eu me esqueça do que eu queria dizer era isso eu preciso muito muito de você eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro ou do outro lado.Parei um pouco de escrever para olhar pela janela e principalmente para ver se eu conseguia deter o parafuso entrando no pensamento. Acho que consegui. Porque quando começo assim não consigo mais parar, e não quero que eles me dêem aquela injeção, não quero ouvir eles dizendo que não tem remédio, que eu não tenho cura, que você não existe. Eu acho graça e penso em como você também acharia graça se soubesse como eles repetem que você não existe. Depois eu paro de achar graça e fico olhando a porta por onde não entra o telefone por onde você não fala e me lembro do pedaço apodrecido daquela maçã e então penso que talvez eles tenham razão, que talvez você não venha mais, e com dificuldade consigo até pensar que talvez você não exista mesmo. Mas não é possível, eu sei que não é possível: se estou escrevendo para você é porque você existe. Tenho certeza que você existe porque escrevo para você, mesmo que o telefone não toque nunca mais, mesmo que a porta não abra, mesmo que nunca mais você me traga maçãs e sem as suas maçãs eu me perca no tempo, mesmo que eu me perca. Vou terminar por aqui, só queria pedir uma coisa, acho que não é difícil, é só isso, uma coisa bem simples: quando você voltar outra vez veja se você me traz uma maçã bem verde, a mais verde que você encontrar, uma maçã que leve tanto tempo para apodrecer que quando você voltar outra vez ela ainda nem tenha amadurecido direito."